RUBEM BRAGA vendeu remédios aqui
Por Higner Mansur
Um grande escritor é insuperável e estará sempre nos trazendo agradabilíssimas surpresas sobre o que escreveu, dada a quantidade do que escreveu, aliadas à qualidade desses mesmos textos.
Vou falar de Rubem Braga.
Lendo seu livro de crônicas “Casa dos Braga – Memória de Infância”, reunião de suas memórias da… infância, encontrei o texto abaixo, na sua crônica intitulada “Memórias de um Ajudante de Farmácia”:
– “Rapazola, andei trabalhando numa farmácia de parentes, para ter um dinheirinho meu. Era a Farmácia Central, de Cachoeiro de Itapemirim”.
Mais abaixo, na mesma crônica ele diz:
“No balcão eu vendia preparados – como Capivarol, Bromil, Elixir de Inhame, Vinho Reconstituinte, Saúde da Mulher, Emulsão de Scott… A farmácia era do meu cunhado, Dr. Paraiso, e do meu irmão Jerônimo; depois entrou de sócio o primo Chico Cristóvão. Eu obedecia às ordens de outro primo, o Costinha (Manuel Emilio da Costa), que depois faria carreira no ramo”.
Tudo ficaria por isso mesmo, pra mim, não fosse o nome da farmácia – Farmácia Central – na qual eu não trabalhei – nem nela e nem em qualquer farmácia – mas fui (e sou) cliente por mais de 50 anos, desde os tempos do dono dela, o Sr. Aldo Rua, hoje aposentado.
Foi essa a ligação que me colocou nesta crônica – Rubem vendia remédios na mesma farmácia onde eu comprava (e ainda compro, apesar da mudança do nome dela, para DROGMED, nome que persiste hoje), embora a diferença de anos entre o trabalho dele e eu ser freguês tenha um espaço de uns trinta e poucos anos.
Não me conformei e segui em frente. Fui pesquisar no jornal O CACHOEIRANO, de 05 de janeiro de 1922, e na sua página 06 encontrei este anúncio:
– “À PRAÇA – Serra & C., comunicam aos seus amigos e fregueses que nesta data, traspassaram o seu estabelecimento comercial – Pharmacia Central – à Praça Jerônimo Monteiro, desta cidade, ao Sr. Farmacêutico Fernando de Abreu, livre e desembaraçado. Cachoeiro de Itapemirim, 01 de janeiro de 1922. Serra & C. – Fernando de Abreu”.
(Anoto: – Fernando de Abreu, foi prefeito em Cachoeiro de 1930 a 1933 e 1937 a 1944, e era sogro de D. Gracinha, irmã de Rubem Braga).
Como Rubem nasceu em 1913, acredito que seu período farmacêutico foi em seus 14 e 15 anos de idade – 1927/1928, já que após essa data ele partiu para o Rio de Janeiro, justo para ser o maior cronista do Brasil.
Dentre todos esses pensamentos, foi me chegando a ideia, já utilizada em muitas cidades do mundo e do Brasil, no sentido de incrementar e aproveitar as boas e interessantes coisas delas, aliada a uma mirada para o turismo, economia e para muitas coisas mais.
Ou seja, vamos lá aonde Rubem trabalhou, ainda menino, e coloquemos na porta da farmácia uma placa em bronze, ou outro material, com dizeres semelhantes a “RUBEM BRAGA vendeu remédios aqui”. A cidade vai ter mais sobre o que falar. Visitantes irão passar por lá, etc. etc. etc. É uma boa ideia?
Sirlei Alves de Souza
004 – Toda a área cultural e do artesanato de Cacheiro e região conhece muito bem a artesã e líder dos artesãos e artesãs de Cachoeiro – SIRLEI ALVES DE SOUZA, assim mesmo, em letras maiúsculas. Na realidade não se sabe aonde ela se apresenta melhor – se como artesã ou se como liderança natural na área.
Um e outro papel, um na prática artesanal e outro na manutenção permanente do artesanato cachoeirense, ela os representa com a mais alta e bela qualidade e dignidade. Se no artesanato em si ela tem “concorrentes” que se igualam à especial qualidade de seus trabalhos artesanais, quanto à sua liderança ninguém se iguala a ela.
Sem contar ser ela a líder do grupo “Bordadeiras do Rei”, homenagem ao Rei Roberto Carlos, de quem ela é extremosa fã.
Cuida do artesanato dela e de seus parceiras e parceiros com a mesma intensidade e carinho, como já contei. E conto outra vez:
– Sirlei, no fechamento de uma Feira Estadual de Artesanato numa das praias de Vitória (coisa de década), em um domingo à tarde ficou à espera do veículo da prefeitura de Cachoeiro que iria lá recolher o artesanato dos e das cachoeirenses.
Todo muito foi embora, menos Sirlei.
O veículo municipal só apareceu no dia seguinte… mas ela cumpriu rigorosamente sua responsabilidade e atravessou a madrugada, sozinha e abandonada, vigiando os artesanatos cachoeirenses não vendidos, na área deserta.
Quando chegou a Cachoeiro foi direto para internação no CTI. Salvou-se e continua a mesma, graças a Deus.
Sirlei é a principal alavanca da grande indústria regional do artesanato – indústria sem chaminés, que não polui e que só traz beleza à cidade e às vistosas prateleiras de seus clientes, inclusive as minhas. Salve, salve, salve quem merece, e como Sirlei merece!