IRIRI PRAIA CLUBE REABRE SUAS PORTAS
Espaço considerado patrimônio histórico e cultural do balneário luta para resistir ao tempo
Por Pammela Volpato – Revista 7dias
Uma história que se confunde com a história do próprio balneário, que pertence a Anchieta. As primeiras casas de Iriri surgiram na década de 50 e a exploração turística, de fato, começou nos anos 60, assim como o Iriri Praia Clube. Cerca de vinte amigos se uniram e idealizaram um local de encontro, que serviria para confraternizações, prática esportiva e que teria cunho social. E foi assim que o clube, ainda inacabado, abria suas portas para quatro dias de carnaval.
O Iriri Praia Clube ficou pronto mesmo em 1962 e os vinte amigos se tornaram os primeiros sócios do local. A partir daí o carnaval virou tradição e as festas cada vez mais memoráveis. O concurso de fantasias sempre foi uma atração à parte! Aos poucos, o número de foliões foi aumentando até chegar ao ponto do local não comportar tanta gente. Foram anos de muitos carnavais até os foliões precisarem ir para as ruas.
Mesmo tendo ficado reconhecido pelas festas, o principal objetivo do Praia Clube era o caráter social, como consta no Estatuto, em vigor até os dias de hoje. De acordo com os relatos, Iriri cresceu no entorno do clube e a vontade de seus donos, ou sócios, sempre foi envolver a comunidade, tornando o espaço um verdadeiro patrimônio local.
E foi assim por anos, porém, muitos sócios foram falecendo, e o contato com os herdeiros foi sendo perdido. Não é possível comprar títulos de sócio-proprietário remido do Iriri Praia, que são passados de pai para filho. Por mais de 15 anos o espaço deixou de exercer suas atividades do Estatuto e passou a ser usado pela comunidade para alguns eventos, até ser inutilizado de vez.
Há cerca de três anos e meio uma nova diretoria se formou, com a missão de fazer com que o Iriri Praia Cube retome suas atividades e faça com que a tradição das grandes festas sociais familiares permaneça. A tarefa não seria fácil, uma vez que o espaço estava praticamente em ruínas, mas com o esforço de todos o objetivo de fazer o clube ressurgir está sendo alcançado.
A atual presidente, Edna Serrão, que herdou o título número 18 do pai, conta que a nova diretoria tem trabalhado intensamente para que o Iriri Praia Clube volte com tudo. O primeiro desafio era localizar os herdeiros e atuais donos dos títulos.
“Foi um trabalho muito difícil, mas conseguimos localizar pelo menos metade dos proprietários e, dessa forma, passamos a nos comunicar e a traçar ações para reabrir nosso espaço”.
Edna conta que o clube está novamente com tudo em dia. “O local estava descaracterizado, mas realizamos uma grande limpeza. Foram retiradas 21 caçambas de lixo e entulho, restabelecemos a parte elétrica e hidráulica, reativamos o CNPJ, tiramos o Alvará de Funcionamento e o local está todo vistoriado, está habitável novamente”, comemora.
Uma das grandes dificuldades para realizar essas melhorias é a questão financeira. A presidente explica que os sócios não têm responsabilidade financeira com o clube e, uma saída encontrada para conseguir renda foi alugar as salas da frente do imóvel. “Costumo dizer que foi uma ideia divina, pois conseguimos uma fonte de renda e ainda manter o caráter social, uma vez que alugamos as salas para pequenos empreendedores, a preços bem abaixo do mercado”.
Edna, que fica no cargo de presidente até dezembro, conta que tem muitas ideias e planos. Um deles, que já está sendo colocado em prática, é a contratação de um advogado para resolver algumas questões, como a regularização dos títulos. “Também quero muito construir uma piscina para oferecer aulas de hidroginástica e sonho em transformar esse lugar em um local de convivência, de realização de eventos. Já fomos procurados por um produtor de eventos da região e estamos abertos a novas parcerias que estejam dentro do contexto da comunidade”.
Antes da pandemia, o clube realizou duas matinês e concurso de fantasias, que sempre foram tradição no carnaval. Além disso, outras atividades já estão sendo realizadas, como a feira da agricultura familiar, que acontece uma vez por semana. Os produtores não pagam para utilizar o espaço e, desta forma, o clube cumpre sua função social.
Outras ações estão sendo pensadas pela Diretoria. “Temos o Projeto Mãos Generosas e vamos realizar também um projeto de música intitulado ‘Cantos & Encantos’. Disponibilizamos uma sala para as crianças e jovens que têm interesse em aprender música. Sonho em ver um coral na porta do clube fazendo uma cantata de Natal. Também realizamos o hasteamento da bandeira de Anchieta, do Espírito Santo e do Brasil. Foi maravilhoso, um resgate da nossa tradição e da nossa cultura”.
Segundo Edna, o objetivo da atual diretoria é realizar eventos sociais que venham ao encontro da comunidade, e para isso é muito importante a participação dos sócios e da comunidade em geral.
“Quero que as pessoas nos procurem, tragam sugestões e participem dessa retomada. Ver esse clube de pé, depois de tudo o que passamos, é motivo de muito agradecimento. Sem Deus nada teria acontecido. Gosto muito do ditado que diz que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Nós somos capazes e não podemos desistir. Haverá dificuldade, mas o resultado é compensador. O Iriri Praia Clube está no Coração de Iriri, onde pulsa a vida!”