Covid continua causando adoecimento mental, diz psicóloga
Psicóloga do Hospital Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim, Priscyla de Castro Cogo Thezolin, conta a importância do acompanhamento psicológico, principalmente durante a pandemia
A Covid já assola o país há um ano e meio e de lá para cá, já são mais de 550 mil mortos. Além disso, a economia foi extremamente afetada, com fechamento de empresas, pessoas demitidas, estabelecimentos comerciais sem poder abrir. Já na saúde, um verdadeiro caos com cidades e estados com lotação máxima, sem leitos de UTI, falta de oxigênio.
Para tentar diminuir os casos, diversas medidas foram adotadas em todo esse tempo e, com a vacinação caminhando, os números têm diminuído aos poucos. Em contrapartida, de forma silenciosa, a saúde mental de muitas pessoas foi e continua sendo afetada.
O isolamento fez com que muitos fossem obrigados a ficarem em casa, como medida de segurança. Entretanto, as pessoas não estavam preparadas para algo assim.
Segundo a psicóloga do Hospital Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim, Priscyla de Castro Cogo Thezolin, as pessoas costumam desenvolver medo, ansiedade e insegurança quando deparam-se com algo inesperado, causando assim, em alguns casos, uma desestabilidade emocional. “Mesmo com o declínio da contaminação por Covid, com o avanço da vacinação e queda de casos e internações, ainda é comum falarmos sobre os efeitos que a pandemia e o isolamento tem causado nas pessoas”.
Para a psicóloga Priscyla, as doenças mentais surgem como um reflexo de todo esse cenário de instabilidade e dificuldades, das quais, estamos vivendo e, os tratamentos para as mesmas, podem ser longos. Além disso, os transtornos emocionais podem se desenvolver em todas as idades. “Pacientes de várias idades estão sofrendo com ansiedade, depressão, síndrome do pânico, compulsões e outras”.
Tanto nos atendimentos no próprio hospital, quanto em seu consultório, Priscyla contou que aumentou o número de pacientes buscando por atendimento psicológico.
“A pandemia fez explodir questões financeiros, demissões, muitas famílias reféns de situações difíceis, sem trabalho, marido e mulher desempregados, famílias vivendo de doações, muitos veem apenas esse cenário negativo e não conseguem enxergar nada positivo, como se não tivessem mais solução”, disse.
Com isso, quando chegam a procurar o serviço hospitalar, já estão tão debilitados emocionalmente, que o quadro clínico, às vezes, pode até piorar.
“Pensamentos positivos, tentar ser mais otimista, tudo isso ajuda ao tratamento psicológico. Além disso, a família também é muito importante para enxergar sinais de adoecimento emocional. A pandemia veio para nos fazer entender e refletir a importância do outro, de conviver com quem gostamos, agradecer e comemorar nossas conquistas, coisas que a pandemia tem nos tirado durante esse tempo”.
E concluiu: “ A questão financeira ainda é um grande empecilho para as pessoas procurarem um profissional de psicologia, entretanto, é preciso entender a importância desse trabalho e também, que para procurar um psicólogo não é preciso “estar doente”, como muitos pensam. É uma questão de necessidade, todos precisam e quem faz o acompanhamento psicológico, sabe o quão importante é”.