A TERRA É GIGANTE EM RECURSOS POTENCIAIS, MARAVILHOSA EM SUA DIVERSIDADE, REDONDA, LISA, ESCORREGADIA E SE TUDO ISSO NÃO BASTASSE… ELA AINDA GIRA E VOCÊ NÃO CAI DELA!
Figura 1
Por Job Tolentino Junior
Querido Leitor,
Estamos no limiar da terceira década do Século XXI.
Há aproximadamente 20.000 anos a ciência, no sentido mais amplo da palavra, começou a ser desenvolvida por uma espécie de antropoide que surgiu na superfície da Terra, e demonstrou uma habilidade singular: a habilidade de pensar de modo complexo.
Esta espécie é a nossa: a espécie humana!
Ao longo de milhares de anos, esta habilidade singular, desenvolveu a literatura, a matemática, a astronomia, a engenharia, a química e a física, realizando proezas e maravilhas tais como:
– construção das pirâmides egípcias, maias, astecas e incas;
– construção da grande muralha da china;
– geração da eletricidade;
– criação das máquinas térmicas;
– invenção do avião;
– capacidade de fissionar o átomo para produzir energia;
– invenção de veículos capazes de viajar através do espaço;
– capacidade de andar e trabalhar em ambientes difíceis e inóspitos como a Antártica, as estações espaciais ou mesmo a superfície da Lua;
– capacidade de enviar exploradores robóticos como os dotados de inteligência artificial, para explorar os planetas, luas e asteroides do nosso sistema solar, e mesmo atravessar o espaço interestelar…
Mas pasmem! Não é apenas um indivíduo, ou um grupo, ou mesmo uma comunidade, mas uma considerável parcela da população, que no mundo e no Brasil, pelos mais variados motivos, afirmam categoricamente que não acreditam na Ciência e afirmam que a Terra, o nosso pequeno e lindo mundo azul…é plana!
O que mais impressiona, é que:
– estudos realizados de modo virtual, com pessoas cujas idades variam entre 18-65 anos, no período entre o ano 2000 e 2002 mostram que 73% dos brasileiros, 65% dos norte-americanos e 59% dos italianos acreditam em notícias falsas (“Fake News”);
– os grupos de pessoas que afirmam não acreditar na ciência, dizem que os argumentos científicos fogem a um conhecimento lógico, empírico, sensível e natural;
– estudos feitos no Brasil em 2019, realizado em 103 cidades, com 2086 participantes com idade iguais ou superiores a 16 anos, e com margem de erro de 2%, mostram que 7% dos brasileiros acreditam que a Terra é plana (fig.1). Ou seja, um número aproximado de 11 milhões de brasileiros.
Onze milhões! Um número que não pode e nem deve passar despercebido.
Este estudo realizado no Brasil em 2019, apresentou também outras informações as quais permitem a construção de um panorama sobre a sociedade brasileira atual. Muito embora 90% da população tenha afirmado que a Terra é redonda pode-se extrair deste conjunto de informações que:
Figura 2
– são terraplanistas aproximadamente 8% dos homens e 6% das mulheres (fig.2);
– aproximadamente 10% não sabem dizer corretamente a sua forma;
– a crença no terraplanismo é de aproximadamente 7% para a faixa etária de 16-24 anos, caindo para aproximadamente 4% para a faixa etária de 35-44 anos, voltando a crescer atingindo aproximadamente 11% para a faixa etária de 60 anos ou mais (fig.3);
Figura 3
– a orientação religiosa também é um fator relevante. Tem-se aproximadamente 10% de terraplanistas entre os cristãos, 5% entre os espiritualistas e espiritas kardecistas, 8% entre os agnósticos e sem religião declarada, e não temos nenhum terraplanista entre aquelas religiões de matriz africana ou afro-brasileiras (fig.4);
Figura 4
– o nível de escolaridade revelou-se inversamente proporcional a esta crença, pois esta diminui à medida que o nível educacional aumenta, ou seja, aproximadamente 10% para aqueles que possuem somente nível escolar fundamental, 6% para os que possuem nível médio e 3% para aqueles que tem nível superior (fig.5). Estes números muito embora pequenos não podem ser ignorados, pois esta crença ignora princípios fundamentais da geografia;
Figura 5
– a faixa de renda da população também influencia a crença no terraplanismo. Quando a renda da pessoa é de até 2 salários-mínimos encontra-se 12% de terraplanistas, entre 2-5 salários-mínimos tem-se 8%, entre 5-10 salários-mínimos tem-se 5%, e para aqueles com renda superior a 10 salários-mínimos tem-se 3% (fig.6);
Figura 6
– a posição geográfica onde a pessoa reside também é um fator relevante. As regiões sudeste e nordeste apresentam apenas 5% de terraplanistas, enquanto as regiões sul e centro-oeste apresentam mais de 10% (fig.7).
Figura 7
Diante do panorama exposto, eu me pergunto: como isso aconteceu? Como em pleno século XXI, ideias como estas ganham adeptos com tanta força?
Bem, a resposta para esta pergunta é simples: foi a democratização da internet, que permitiu ao cidadão comum assumir uma atitude denominada como influenciador digital ou “digital influencer”, ou seja, se no passado um indivíduo era um gerador de conteúdo, este conteúdo certamente passaria pela revisão de um editor. Mas isso atualmente não acontece, e muito embora fontes confiáveis de conteúdo existam na internet, elas são ilhas de excelência em um mar de lixo digital.
E este lixo é bastante sedutor, sendo muito mais facilmente assimilado pelo cidadão comum, competindo com o sistema educacional formal, competindo com as editoras, competindo com os conglomerados de jornalismo.
Isso pode até parecer ingenuidade, mas ainda existem várias centenas de milhões de pessoas no mundo que acreditam que se uma informação existe na internet, ela é verdadeira. Sabe-se a pelo menos 20 anos que isso não corresponde à realidade e que esse tipo de mentalidade favorece a propagação de contrainformação também chamada de notícias falsas ou “Fake News”.
Por isso, deve-se verificar as fontes das informações (e por sua vez, das fontes delas) e tornar isso um hábito.
Um novo mantra deve ser implementado: verificar a procedência da informação veiculada, conhecer os canais relacionados às suas respectivas áreas de pesquisa que detêm credibilidade, e evitar qualquer página sensacionalista.
O fato é que a Terra é gigante em recursos potenciais, maravilhosa em sua diversidade, redonda, lisa, escorregadia e se tudo isso não bastasse… ela ainda gira e você não cai dela!
PS: Podemos explicar muito mais. Descubra aqui em EDUCAPES: (http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/598538)