Como está fluindo a cultura de SAF no futebol brasileiro
Por: Markinhos Libardi
Cada vez mais as SAFs (Sociedade Anônima de Futebol) estão se instalando nos clubes brasileiros e cada vez mais a questão tem discussões controversas entre organizadores, clubes e torcedores. Os objetivos a curto prazo e as necessidades a longo prazo têm de ser equilibrados para garantir que os clubes funcionem de forma sustentável.
E a disputa por títulos? A compra de craques? O grito de “É campeão”?
Para início de artigo, vamos ver como os clubes que se tornaram SAF recentemente no Brasil ficaram posicionados na tabela do último campeonato brasileiro:
América Mineiro – 20º e Coritiba – 19º (último e penúltimo colocados – rebaixados)
Bahia – 16º, Vasco da Gama – 15º, Cruzeiro – 14º e Cuiabá – 12º. Praticamente os primeiros antes da “zona de rebaixamento”.
O Botafogo terminou o campeonato em 5º e seus torcedores ainda puderam saborear as disputas pela liderança da tabela em quase todo o campeonato. E o Red Bull Bragantino que terminou em 6º, mas não é uma SAF e sim um “clube-empresa”.
Então aqui quero fazer um parêntese, pois outro dia escrevi um artigo sobre governança no futebol e preciso salientar que a maior distinção de SAF do sistema empresarial é que a SAF, além de ter uma tributação mais favorável, possui maior transparência e com os princípios de governança e auditoria, pode fazer com que o negócio fique mais seguro para os investidores.
Já tivemos inúmeros casos de clube-empresa com péssima gestão e vários imbróglios onde ficou até difícil saber exatamente quem era o proprietário.
Quem são os sócios da SAF de um clube. Às vezes são pessoas físicas, podemos ter investidores como fundos de pensão, fundos de hedge, e conglomerados corporativos.
A profissionalização da estrutura é cada vez mais importante no mundo do futebol.
Os clubes de futebol já não são apenas equipes esportivas, são empresas multinacionais, grandes empregadores. Fazem parte de um mercado muito maior que apenas as partidas de futebol nos estádios.
Neste contexto podemos ainda citar vários clubes que não saíram do modelo “nornal” de clubes., entre eles o Flamengo que acertou o caminho das suas dificuldades financeiras ou o Palmeiras que tem uma direção qualificada e pensa comercialmente.
O modelo de SAF está estruturado para garantir a saúde financeira dos clubes, mas está longe de ser uma solução. Pensar no futuro é uma obrigação.
O torcedor tem a sensação que as SAFs é a salvação do seu time que estava devendo e agora tem dinheiro para contratar todo mundo e vai ser o campeão de tudo. Aí vem o desapontamento com a demissão de um ídolo (Lembra do Fábio no Cruzeiro), a decepção com as derrotas para os rivais (lembra do Vasco no primeiro turno) e no final o desencantamento com o rebaixamento (Temos o América e Coritiba).
Mas no fim das contas o que interessa mesmo é o gerenciamento global da instituição, a habilidade de aumentar as receitas. Sempre fiscalizada pelos representantes do clube que ainda tem um percentual pequeno da sociedade.
Markinhos Libardi é um profissional multi-mídia: Streamer, produtor de conteúdo, cantor, compositor, letrista, colunista, dublador, músico, radialista, ex-bancário e técnico de futebol.