Emoção marca retorno das aulas da EJA, em Vitória
Na volta à sala de aula, dona Antônia não escondia a felicidade em escrever a mensagem “Esperança de reencontrar com os amigos e professores”. Foto: Brunella França/Prefeitura de Vitória
O sonho de escrever o próprio nome. Foi esse o motivo que levou dona Antônia Gomes de Jesus, de 69 anos, trabalhadora doméstica, a se matricular na Educação de Jovens e Adultos (EJA), em 2019. Moradora do bairro São Cristóvão, em Vitória, ela frequenta a turma que tem aulas na Escola da Ciência-Física, no Parque Moscoso, também na capital.
Quando soube do retorno presencial, dona Antônia disse que foi como receber um presente. Para ela, além de interagir com os demais estudantes, a EJA significa também independência. “Já aprendi muita coisa, já leio as coisas que eu quero, devagar, mas leio. E quando vou pegar o ônibus, não preciso mais ficar perguntando para ninguém, já consigo ler e pegar o ônibus sozinha”, disse ela, orgulhosa dos novos conhecimentos.
Dona Antônia se preparou para o retorno presencial, escolheu os anéis de que mais gostava e a máscara, que é incapaz de esconder o sorriso e a alegria que ela sente ao sentar na carteira da escola.
“Já fui chamada para ser testemunha e assinei meu nome na frente do juiz depois que comecei a estudar aqui. Hoje eu não tenho vergonha, eu sei escrever meu nome. Estou muito feliz em ter aula aqui de novo. Agora eu sei que terei minha saúde de volta completa”, comemorou ela.
Emoção
Professora do primeiro segmento da Educação de Jovens e Adultos, Suely Tavares conta que seus estudantes estavam ansiosos. “Eles queriam muito voltar. Alguns não vieram presencialmente por causa de alguma comorbidade e ainda precisam desse cuidado”.
No retorno da turma, na tarde desta segunda-feira (17), a emoção tomou conta. “Teve estudante que chorou pelo retorno, que agradeceu a Deus. Essa vontade de voltar a ter o aconchego, o toque, o caderno e o quadro é muito importante. A voz da professora, o presencial, é uma emoção”, contou.
Suely destacou, ainda, que a busca ativa pelos estudantes também ocorre na EJA. Os profissionais da Educação fazem contato, buscam aquele estudante que, por algum motivo, deixou de fazer as atividades enquanto as aulas presenciais estavam suspensas. A expectativa é ter de volta todos os estudantes.
“Queremos a turma completa. Com cuidado, teremos um retorno feliz e gradativo”, afirmou.
Aulas
Vitória tem, hoje, quase 2 mil estudantes na EJA. E o retorno dessa modalidade só tem revezamento em casos pontuais, quando há necessidade em alguma turma. Nas demais, os estudantes podem frequentar as aulas todos os dias.
Matrículas
Da Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental, até a Educação de Jovens e Adultos, a rede municipal de ensino de Vitória aceita matrículas de estudantes durante todo o ano letivo.
Na unidade de ensino mais próxima de casa, o pai, a mãe ou responsável faz o registro da demanda e indica as unidades de ensino de preferência para matricular a criança.
É necessário levar certidão de nascimento da criança e um comprovante de residência original (IPTU; ou contrato de aluguel; ou recibo de imóvel; ou talão de água, de luz ou de telefone). Para a matrícula na Educação Infantil, também é necessário apresentar a carteira de vacinação atualizada. Já no Ensino Fundamental, é preciso levar o histórico escolar ou outro comprovante de escolaridade equivalente.
O interessado na EJA deve procurar uma das unidades de ensino levando consigo o histórico escolar (para quem tem ensino fundamental incompleto), carteira de identidade e comprovante de residência. Quem não possui o histórico realiza uma prova para classificação. Analisando seu desempenho, os professores avaliam em que etapa o estudante pode se integrar.
