Polícia Federal prende organização criminosa especializada no tráfico de animais silvestres no Estado
No Espírito Santo, os mandados foram cumpridos nos municípios de Vila Valério, São Gabriel da Palha, Nova Venécia e Águia Branca
A Polícia Federal em conjunto com servidores do IBAMA do Espírito Santo e Rio de Janeiro e do ICMBio, realizaram na manhã de hoje (09), uma operação dedicada a reprimir a ação de uma organização criminosa especializada no tráfico de animais silvestres, que atuava no norte capixaba e na baixada fluminense.
Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão nos municípios de Vila Valério, São Gabriel da Palha, Nova Venécia e Águia Branca, além de Magé (RJ). A operação contou com a participação de aproximadamente 55 policiais do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Entenda o caso
As investigações foram iniciadas após uma ação fiscalizatória realizada pelo IBAMA e ICMBio que resultou na prisão de pessoas que estavam de posse de oito filhotes de papagaio Chauá (espécie ameaçada de extinção) e de dois de seus ovos. A equipe acredita que os animais tenham sido capturados no interior da Reserva Biológica de Sooretama ou em seu entorno.
Foram identificadas ao menos oito pessoas que atuam em Vila Valério, São Gabriel da Palha, Nova Venécia e Águia Branca predando ninhos e capturando filhotes de aves de várias espécies. Esses caçadores, no período de nascimento de papagaios (entre setembro e janeiro), coletam os filhotes nos ninhos e os vendem a um intermediário no Espírito Santo que os repassam para um grande comerciante de animais silvestres que, a partir do Rio de Janeiro, os envia para outros estados do país.
Cada filhote de papagaio é vendido pelos caçadores por cerca de R$ 100,00, o intermediário os revende por R$ 150,00 e os animais são vendidos por até R$ 3.000,00 ao comprador final.
A principal espécie de papagaio traficada pelo grupo investigado é o Papagaio Chauá, mas também outras espécies, tais como a Maracanã-verdadeiro e a Maritaca, tem sido alvos do grupo.
Além das aves, a organização criminosa também comercializa outros animais que tenham valor comercial. As investigações constataram a venda de macacos-prego (também ameaçado de extinção), coleirinhos, corrupiões, corujas e de filhotes de jacaré. No caso dos macacos-prego, apenas os filhotes eram capturados, uma vez que os animais adultos são muito agressivos. Para isso, os caçadores abatiam as mães.
Impacto Ambiental
O grupo investigado existe há pelo menos 15 anos. Somente no ano de 2020 foram capturados cerca de 55 filhotes de papagaios, o que os investigados consideraram uma temporada muito fraca, pois os números eram bem superiores no passado. Esse número gera, ao longo do tempo, um grande impacto na procriação, comprometendo, de maneira significativa, a perpetuação de uma espécie que já é ameaçada da extinção.
Crimes Investigados
Os investigados poderão responder pela prática de Crimes Contra à Fauna (Art.29 da lei 9605/98), Maus-tratos aos Animais (Art. 32 da lei 9605/98) e Associação Criminosa (art. 288 do Código Penal). Por haver a prática de caça profissional, a pena poderá ser aumentada até o triplo.