“Bebê Reborn: Obsessão ou Alerta Emocional?”

Bonecos hiper-realistas ganham o coração e a mente)de milhares de pessoas. Mas até que ponto isso é saudável?

Eles dormem em berços, usam fraldas de verdade, têm nomes, roupas de marca e até certidão de nascimento. Não são bebês humanos, são bebês reborn. E enquanto esse fenômeno se espalha pelas redes sociais e vitrines virtuais do Brasil, uma pergunta começa a ecoar com mais força: o que está por trás dessa febre quase doentia por bonecos que imitam recém-nascidos?

Criados originalmente como peças de arte, os bebês reborn ultrapassaram o universo das coleções. Hoje, são tratados por muitas pessoas como se fossem reais. Vídeos viralizam mostrando adultos dando mamadeira, fazendo enxoval e até simulando passeios com carrinhos pelas ruas. Para alguns, é “fofo”. Para outros, um alerta vermelho para o estado emocional da sociedade.

Estamos lidando com uma geração solitária, ansiosa, traumatizada e muitos estão tentando preencher esse vazio com bonecos”, afirma a psicóloga Lúcia P. Andrade, que atende pacientes que utilizam bebês reborn como forma de conforto emocional. “O problema não é o boneco em si, mas o que ele representa e o quanto ele pode substituir relações humanas reais.”

Enquanto isso, o mercado cresce em ritmo acelerado. Kits completos podem ultrapassar os R$ 2.500. Artistas reborn têm fila de espera. Grupos fechados no WhatsApp e fóruns online trocam dicas de cuidados como se fossem mães de verdade. Alguns até fingem consultas pediátricas para justificar cuidados com seus bonecos.

Em feiras especializadas, não é raro ver adultos emocionados ao “adotar” um reborn com direito a contrato, registro e sessão de fotos. “É como ter um filho que nunca cresce, nunca chora e nunca decepciona”, relata uma colecionadora. Mas especialistas alertam: quando o reborn passa a substituir vínculos reais, há um risco psicológico sério.

Na internet, o debate é acalorado. Enquanto uns defendem os bebês reborn como ferramenta terapêutica, outros enxergam um espelho sombrio de uma sociedade cada vez mais isolada, desconectada de afetos verdadeiros  e mais conectada a ilusões reconfortantes.

Mais do que um brinquedo, o bebê reborn virou símbolo de algo maior e talvez mais preocupante. Estamos apenas brincando ou tentando desesperadamente suprir o que nos falta de verdade?

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