Viaduto Caramuru é marcado por um espetáculo de fé e música na Romaria dos Homens, em Vitória

Romaria dos Homens 2025
Fé e devoção marcam a Romaria dos Homens 2025. (ampliar)

Um mar de velas acesas, passos firmes, corações emocionados e um espetáculo inesquecível: a emocionante apresentação musical sobre o Viaduto Caramuru, em Vitória, protagonizado pela Orquestra Sonatha. A apresentação, cheia de simbolismo e emoção, transformou a caminhada em um verdadeiro momento de fé e beleza, envolvendo a todos em uma atmosfera única de esperança e devoção.

Com 25 músicos no conjunto, a Orquestra Sonatha levou ao público músicas marianas, que ecoaram pelas ruas enquanto os devotos passavam sob a estrutura histórica do viaduto, inaugurado na década de 1920 e reinaugurado em 2024, totalmente restaurado pela Prefeitura de Vitória. A ação foi organizada pela Secretaria Municipal de Cultura (Semc), reforçando o compromisso da gestão em promover a cultura e a fé como elementos de união e esperança.

Léo Duarte

Romaria dos Homens 2025
O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, e a primeira-dama, Paula Pazolini, durante a missa na Catedral Metropolitana de Vitória. (ampliar)

Gabriel Werneck

Romaria dos Homens 2025
Orquestra Sonatha emociona o público com apresentação especial no Viaduto Caramuru. (ampliar)

Na medida em que passavam sob o viaduto, os fiéis cantavam as canções apresentadas pela orquestra, formando um coro emocionante, embalado pela fé e devoção, transformando o evento em um dos pontos mais marcantes da Romaria.

Para o maestro Hariton Nathanailidis, a apresentação representou uma verdadeira conexão entre arte e fé: “Nossa missão é tocar os corações e fortalecer a caminhada de cada romeiro. A música é um canal de esperança e serenidade, especialmente em momentos tão simbólicos como este”, destacou.

O secretário municipal de Cultura, Edu Henning, também ressaltou a emoção do momento: “É simplesmente incrível presenciar esse momento. Quando a imagem da Santa passa, é de tirar o fôlego. Acredito que essa iniciativa tem tudo para se transformar em uma linda tradição que vai marcar ainda mais a história da Festa da Penha”, afirmou.

Assim foi a Romaria dos Homens, uma das manifestações de fé mais marcantes da 455ª Festa da Penha, que, neste sábado (26), mais uma vez transformou as ruas em um grande santuário a céu aberto. Para tornar o caminho ainda mais iluminado e especial, a Prefeitura de Vitória distribuiu porta-velas com velas aos fiéis logo na chegada à Catedral Metropolitana, permitindo que os romeiros percorressem a jornada com ainda mais luz, alegria e esperança.

Diante da participação expressiva dos fiéis e da atmosfera de fé que tomou conta da Romaria dos Homens, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, destacou: “A Romaria dos Homens, a Romaria das Famílias: um momento de fé, de reflexão, de união e, acima de tudo, de devoção à Nossa Senhora. Essa caminhada é mais do que uma tradição: é um testemunho vivo da força da fé que move corações, une gerações e renova a esperança de dias melhores. É a fé que nos guia e nos mantém fortes diante dos desafios. Ver tantas famílias reunidas em oração é um presente para nossa cidade”, completou.

Em um percurso de 14 quilômetros, famílias inteiras partiram da Catedral Metropolitana de Vitória com destino ao Parque da Prainha, em Vila Velha, seguindo a imagem de Nossa Senhora da Penha em uma procissão comovente, marcada por orações, cânticos e promessas.

A caminhada, que acontece tradicionalmente no sábado que antecede o oitavo dia da festa, reuniu milhares de devotos que, de velas acesas nas mãos e fé no peito, seguiram unidos sob o tema deste ano: “Com Maria, peregrinos da esperança”. A frase ecoa o chamado do Jubileu da Igreja Católica, que convida os fiéis a redescobrirem a esperança, espalhando-a como uma semente viva.

Entre os muitos fiéis que mantêm viva a tradição da Festa da Penha, João Pinto Barreto, de 64 anos, morador de Vila Velha, é um dos que carregam no olhar a emoção de quem participa há décadas dessa celebração. Com orgulho e brilho nos olhos, ele compartilha sua história: “É uma grande alegria cuidar do carro que leva a imagem de Nossa Senhora da Penha, o nosso ‘Penhamóvel’, como a gente chama com carinho. Participo da festa há 42 anos, e cada vez é como se fosse a primeira. Tudo começou depois que sofri dois acidentes e pedi à Santa que me devolvesse a saúde — e ela atendeu. Desde então, eu me dedico de coração. Este ano, já coloquei o véu que o carro ainda não tinha. No próximo, se a Santa me der mais um ano de vida, quero deixar o ‘Penhamóvel’ ainda mais bonito, aumentar a coroa e fazer mais uma coisinha especial.”

Com os olhos brilhando de emoção e a voz carregada de gratidão, Ivone Gonçalves relembra a jornada de fé que faz todos os anos, ao lado do marido, para participar da Festa da Penha. A caminhada, longa e desafiadora, é movida por uma promessa de agradecimento: “Viemos de Santa Maria de Jetibá. Foram dois dias de caminhada. Saímos de lá na sexta-feira de madrugada, seguimos até Barra do Mangaraí e, hoje cedo, partimos novamente até chegar aqui, por volta do meio-dia. Na verdade, tudo começou com o meu esposo, que sofreu um acidente gravíssimo. Ele queria muito fazer algo para agradecer, e desde 2016 a gente faz essa Romaria. Só paramos nos dois anos da pandemia. Esta já é a nossa sétima vez. O pé chega calejado, a perna chega doendo, mas o coração chega quentinho. Estar aqui mais um ano é gratidão. Gratidão pelas pequenas coisas, pelo ar que a gente respira, pelo alimento, pelos amigos, por quem caminhou com a gente, pela nossa família. Gratidão. Só gratidão, destaca Ivone.”

Estrutura para acolher os fiéis

O sentimento de acolhimento e orgulho também foi ressaltado pelo Secretário Municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho, Luciano Forrechi, que enfatizou a importância da Romaria para Vitória e para o Espírito Santo: “A Romaria dos Homens é um marco para o nosso estado, e Vitória tem a alegria de receber romeiros de todas as partes do Espírito Santo e também de outros estados. Mais do que uma manifestação religiosa, a Romaria é uma referência de fé e esperança. Para nós, acolher essas pessoas que percorrem grandes distâncias para manifestar sua devoção é uma responsabilidade que vai além da tradição: é um gesto de carinho, respeito e compromisso com cada fiel que se entrega a essa caminhada de fé”, destacou.

Para garantir conforto e acolhimento aos devotos, a organização do evento disponibilizou seis bebedouros, com quatro torneiras cada, instalados ao longo do percurso entre a área da Catedral Metropolitana de Vitória e a rodiviária.

A Secretaria Central de Serviços também reforçou a estrutura ao longo do trajeto com a instalação de 150 banheiros químicos e 50 contentores de lixo. Além disso, foi realizada a limpeza completa de todo o percurso na capital, assegurando um ambiente adequado para a passagem dos romeiros.

Percurso da caminhada

A Romaria dos Homens manteve seu trajeto tradicional, partindo da Catedral Metropolitana, no Centro de Vitória, com saída às 19 horas. A caminhada seguiu da Rua José Marcelino para a Rua São Francisco, passando sob o Viaduto Caramuru. Em seguida, desembocou no Parque Moscoso pela Avenida Cleto Nunes, passando pela Avenida Marcos de Azevedo, em frente à Santa Casa de Misericórdia.

Os devotos atravessaram a Vila Rubim pela Avenida Duarte Lemos, chegando à Avenida Nair de Azevedo, nas proximidades da Ponte Seca, com destino à Segunda Ponte, de onde a caminhada seguiu rumo a Vila Velha.

Proteção e organização do trajeto

Pelo terceiro ano consecutivo, a imagem da padroeira foi escoltada com segurança pelas equipes do Grupo Tático Operacional (GTO) da Guarda Municipal de Vitória, que atuaram ao longo de todo o trajeto. O reforço também contou com apoio estratégico de agentes posicionados em pontos-chave para garantir a fluidez do trânsito e a proteção dos fiéis.

“Todo esse trajeto da romaria contou com interdições provisórias de trânsito. As equipes da Guarda de Vitória estiveram posicionadas em pontos estratégicos para realizar as intervenções necessárias e assegurar o deslocamento dos romeiros com segurança”, explicou Marcelo Paraguassu, gerente de Operações e Fiscalizações de Trânsito da Guarda de Vitória.

Caminho de fé e transformação

A caminhada percorreu ruas históricas da capital e atravessou a Segunda Ponte rumo à cidade vizinha, onde o trajeto seguiu pelas principais avenidas de Vila Velha até o Parque da Prainha. Durante toda a romaria, era possível ver devotos emocionados, muitos com lágrimas nos olhos, carregando fotos de entes queridos, promessas nos ombros e esperanças renovadas em cada passo.

Ao final do trajeto, uma missa campal de encerramento selou o momento de fé, reunindo milhares de pessoas sob a luz da devoção e da contemplação. O silêncio reverente diante do altar contrastava com a multidão que minutos antes entoava cânticos em uníssono pelas ruas. Era a fé chegando ao seu destino — não apenas físico, mas espiritual.

“Meu muito obrigado a todos que participaram dessa linda celebração. Tenho certeza de que vivemos um momento abençoado e especial. Quero agradecer de coração a todos que fizeram parte dessa caminhada — aos 78 municípios aqui representados, aos turistas e visitantes que vieram somar forças conosco. Esta festa, sem dúvida, trouxe bênçãos e renovação para muitas famílias”, destacou Lorenzo Pazolini.

Uma festa que move o Espírito Santo

A Romaria dos Homens é uma entre 14 romarias previstas na programação da Festa da Penha, que também conta com mais de 50 missas, a tradicional instalação do terço gigante, apresentações musicais e momentos de oração distribuídos pelos nove dias do evento.

Considerada o maior evento religioso do Espírito Santo e o terceiro maior do Brasil, a festa deve reunir milhares de fiéis até o dia 28 de abril.
Entre súplicas e agradecimentos, a procissão deste sábado deixa um rastro de esperança — e a certeza de que, para quem caminha com fé, o destino é sempre um novo começo.

Léo Duarte

Romaria dos Homens 2025
João Pinto Barreto, devoto há 42 anos da Festa da Penha, durante a Romaria dos Homens. (ampliar)

Léo Duarte

Romaria dos Homens 2025
Grupo de fiéis de Santa Maria de Jetibá percorre dois dias de caminhada para participar da Romaria. (ampliar)

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